quinta-feira, 30 de dezembro de 2010
(...) que é o que há"
sexta-feira, 3 de dezembro de 2010
Dá-lhe
sexta-feira, 26 de novembro de 2010
Cordoalha
terça-feira, 16 de novembro de 2010
Body and ALMA
quinta-feira, 11 de novembro de 2010
Biblioteca
terça-feira, 9 de novembro de 2010
Bifurcam
segunda-feira, 8 de novembro de 2010
Do mais, além
Precisei não reencontrar nenhum amigo do pré e aprender a pegar o ônibus sozinho. Precisei poupar as conversas que remetem as tardes frias de filme ou a busca de peças de computador com meu pai . Precisei viver um grande amor ainda vivo e ser quase responsável de meus feitos, responsável de mim. Precisei aprender a ver a hora num relógio de ponteiro. Precisei ver amigos antigos e não ser reconhecido, aprender a ver que as pessoas também sentem.
quinta-feira, 4 de novembro de 2010
Um copo de liberdade
sexta-feira, 29 de outubro de 2010
Labirinto
quarta-feira, 27 de outubro de 2010
Dispor
segunda-feira, 25 de outubro de 2010
À minha menina
As minhas meninas
sexta-feira, 22 de outubro de 2010
Tremo(r)
segunda-feira, 18 de outubro de 2010
Carona
quarta-feira, 13 de outubro de 2010
De ser amada
quinta-feira, 7 de outubro de 2010
Cais
terça-feira, 5 de outubro de 2010
Epifania
terça-feira, 28 de setembro de 2010
Dez invernos
Com o cheiro de café do bar ao lado
segunda-feira, 20 de setembro de 2010
Medula
sábado, 18 de setembro de 2010
Do século
quinta-feira, 9 de setembro de 2010
Movediça
terça-feira, 31 de agosto de 2010
Extático
segunda-feira, 30 de agosto de 2010
Rubro
terça-feira, 24 de agosto de 2010
Eufonia
quinta-feira, 19 de agosto de 2010
terça-feira, 17 de agosto de 2010
Invariável
segunda-feira, 16 de agosto de 2010
Mácula
sexta-feira, 13 de agosto de 2010
.
quinta-feira, 12 de agosto de 2010
segunda-feira, 9 de agosto de 2010
Sinal
terça-feira, 3 de agosto de 2010
.
segunda-feira, 2 de agosto de 2010
Pra alcançar o ponto
quarta-feira, 28 de julho de 2010
Setim
segunda-feira, 26 de julho de 2010
Lassidão
terça-feira, 20 de julho de 2010
Influxo
quinta-feira, 15 de julho de 2010
Progenitor
segunda-feira, 12 de julho de 2010
Velho pé de romã
segunda-feira, 5 de julho de 2010
Inacabado
quinta-feira, 1 de julho de 2010
Só não precisava quebrar a cabeça
domingo, 27 de junho de 2010
à dois, sem dois
Tarefas que são feitas à dois.
segunda-feira, 21 de junho de 2010
Rasuras em espiral
sexta-feira, 18 de junho de 2010
Assaz
segunda-feira, 14 de junho de 2010
Quarto de espelhos
Se fosse para descrever com vigor a urgência do que é abolir todas as horas de ausência, me perderia como aqueles cães da cidade que fitam os frangos assados ou como peixes que se perdem do fluxo dos peixes e desvendam o mar como procedimento da morte. Iria variar sem querer, de forma descontínua, as horas dos cafés, que não me canso de queimar.
Descreveria a estratosfera, em suma, tornando-a de um exorbitante negro sem fim a um arabesco rabiscado. Em proporções, comparado com dois olhos simplesmente, negros e enternecedores, talvez vastos como o infinito da estratosfera, ou curtos e fechados como o infinito de divisões dentro de um grão de areia, irritando os olhos que são também infinitos. E tudo é infinito, inclusive a ausência que não existe, por cada ser ser infinito, tendo em si a companhia auto-suficiente e nunca mais só, e se só, acompanhado de um pedaço de si.
"Se fosse para descrever com vigor a urgência do que é abolir todas as horas de ausência, me descreveria como aqueles cães ou aqueles peixes do início, me fragmentária em partículas até me tornar inexistente aos olhos humanos"
-Garnel
terça-feira, 8 de junho de 2010
domingo, 6 de junho de 2010
Epístola pra França
pois creio que os carteiros por aí não trabalham durante a noite, como em nenhum lugar fazem. E não sei o horário que lhe será entregue essa carta que fiz por fazer enquanto lamentava as horas sem você e via a praça vazia sem teu brilho, enquanto eu espargia meu corpo sobre a cadeira e apoiava os cotovelos sobre a escrivaninha empoeirada de tanto tempo sem uso.
terça-feira, 1 de junho de 2010
Simples
segunda-feira, 31 de maio de 2010
Me abrace?
Te vejo no vão do meu dia preguiçoso, em cada vão. Na cor inquieta das flores eu talvez te veja. No caminho de volta pra casa. Te vejo quando vejo qualquer coisa de cacau. Quando a Lua é envolta por um anel de elétrons que luzem como seus olhos contra luz, te vejo. E mesmo a contraposto, que pouca vezes, inauditas, também vejo, numa doce inebria de perdão.
sexta-feira, 28 de maio de 2010
Xeque-mate
segunda-feira, 24 de maio de 2010
Véspera do beijo
Visto que os poucos segundos não sustentam o peso do beijo todo, é necessário que se acelere as verdades pensadas no momento mais sincero de uma relação, e essas variam de beijo pra beijo. Como quando se sabe que o beijo não durará mais do que poucos segundos, ou quando o beijo não se limita ao tempo e espaço e dura mais que o espaço entre as estações do metrô. Varia da honestidade em beijar sem traição, em beijar por beijar, ou em beijar movendo os astros que passam com as pálpebras fechadas, escaldantes e abandonados pelo beijo, na mais maciça sinceridade.
quinta-feira, 20 de maio de 2010
Há quanto tempo Garnel?
quarta-feira, 19 de maio de 2010
O Sol
segunda-feira, 17 de maio de 2010
Remoto
Para isso somos a verdade, que ainda não sou, vertiginosa e fria, presente na saudade de cada pequena coisa, de cada grande coisa.
Presente na saudade que há em espera-la,
Que pesa como chumbo aos meus ombros.
Presente na vontade de ter além.
Ver daqui, o remoto do alto-mar alcançar
A sua vista doce e única
E dormir na mais medonha das trevas.
quarta-feira, 12 de maio de 2010
Fragmento
Saqueando de mim minhas necessidades pessoais
Com o desespero de um viciado.
Apropriando-me de minha própria exiguidade.
Mesmo pagando a compania de uma garrafa
Mendigo a presença de algo vivo, até se muito quieto.
Tornando-me atrativo as vistas que me atraem,
Na cadência de um samba 2 por 4.
domingo, 9 de maio de 2010
Preto lhe cai bem
A blusa preta se mistura com a cor dos olhos, como grandes ameixas perdidas na fruteira (ato contínuo da cena passada). Então a sua mão que resta brinca com o que sobra de minha mão gelada e indolor. Enquanto as sombras que pareciam brigar beijam-se, com o comando e movimento de seus donos. Ato contínuo e eterno, que mesmo irreal é verdade quando aparece assim.
Para te dizer que, hoje estava formosa em relação a sua própria exuberância.
terça-feira, 4 de maio de 2010
Mãos vazias
Ou não. Virei batendo palmas por ter as mãos livres demais, por não ter trazido nada pra ninguém, por não ter ninguém em mãos para trazer um nada.
"Nem sei distinguir mais as estações, de tão invasiva que passa a ser a lamúria do inverno e da fome que os mendigos passam nas sarjetas álgidas e úmidas."
sábado, 1 de maio de 2010
Tatuagem
Compungir-se por aquilo não seria má idéia, no entanto aquela árvore dava vida a toda colina. Todas as outras árvores eram sombrias e caiam na miséria incolor da natureza. Viviam apenas do resquício de luz que a árvore principal produzia como um diamante espargindo ao Sol. Sinto que já havia visto aquilo, como num flash ou em um sonho rápido daqueles que não se conta a ninguém, como se já tivesse visto nas nuvens aquela borboleta.
Aquilo fadou o meu outono, mesmo prognosticando as mil mãos que já lascaram a árvore desde que tivera a presença da borboleta, desde que aprendeu a brilhar com pouco Sol, desde que é admirada em versos e prosas.
Garnel, Garnel... ainda não aprendeu que isso é errado?
segunda-feira, 26 de abril de 2010
Sozinho
Eu acho que te levarei para um passeio à pedalinho, e juro que só eu vou pedalar. Te deixarei livre para deslizar a mão na água o quanto quiser, ou jogá-la em mim, para um refresco momentâneo. Espero que isso resolva em algo. E se não resolver, quando a Lua chegar sairemos para uma pernada juntos, podemos ir até a quadra e chutar a bola na parede, esperando que ela volte pra não termos de buscá-la. Ou podemos deitar na beliche e observar o teto, desenrolando num diálogo, toda nódoa causada por algum motivo. E se numa outra ocasião precisar de mim, talvez não mais serei capaz de te ajudar. Ainda mas que meu braço arde de queimado por ficar de camiseta fora da sombra.
As vezes é bom falar, ainda mais se for consigo.
quarta-feira, 21 de abril de 2010
Cachoeira
- Cuidado. Se cair nas pedras a essa altura vai se machucar muito. - como se se importassem com a minha dor ou morte. Se preocupam com a cena horrenda do meu corpo entreaberto que traumatizará seus filhos meigos com o sangue respingado no mato. A grande verdade é que as pessoas são uma moeda dúplice que apresenta os dois lados iguais, e a probabilidade de ser bom é a mesma de quando a lança e espera que caia de lado.
Garnel não existe de fato, mais habita em mim como uma bondade isolada. Uma bondade que não existe em ninguém e é melhor por não existir.
Se banhar na cachoeira de água cristalina, enquanto a água te isola da única realidade ser vivo.
sexta-feira, 16 de abril de 2010
Porém real
O coração bate contra o muro de recordações indeléveis que os anos o propuseram, os anos não muito distantes, e Garnel bebe para distrair o inesquecível. Desce a escada deslizando a ponta dos dedos sobre o corre-mão mofado e cambaleia até a primeira cadeira à vista. Ponderando a desgraça lida no ônibus de volta pra casa, a descoberta insana de um antigo amor. Lia de mãos trêmulas, suando álgido na testa e galopando os buracos da rua. Garnel vê sua cama vazia e se pega tombando de bêbado, debruça-se sobre a cômoda de madeira, meio acinzentada de tão velha, e espargi todos os fluidos de teu corpo forte.
Na manhã seguinte, o Sol nas costas produzindo uma sombra triplicada no vasto quintal, mastiga o pão que comprara a mais na manhã passada, pois esperava um amigo que não compareceu, mais um motivo evidente para decepção que sofre. São cem dias, completos hoje, que Garnel desemboca todos os seus caminhos em becos escuros escondendo-se da realidade da vida.
Garnel vê transmigrar em sua frente todo o escol que um dia teve. No início de uma noite quente de outono repete todas as doses que tomara ontem, que já foram repetidas anteontem. Se vê preso numa cadeia infame que tenta ressuscitar antes que a noite caia sobre ele.
terça-feira, 13 de abril de 2010
Alguém chamado Lua
Garnel valorizava cada feixe de luz que a Lua espargia durante toda a noite, idealizava a matéria prima de sua circunferência, como idealizo tua voz. Creio que Garnel via na Lua não mais do que quando te vejo. Garnel via das nuvens, seus olhos refletindo do cume das montanhas o pouco do Sol que resta mesmo no escuro. A substância da Lua encherá minha boca de amor, e os astros amam-se enquanto tens a Lua aprisionada, enquanto és a Lua aprisionada.
Hoje Garnel não só a ama, a tem enlaçada numa paixão explosiva, a ama como o fogo ama o álcool. Dorme submerso numa noite mais cinza que a outra sem motivo para abrir os olhos pela manhã. Sabe que ao acordar não haverá compania melhor do que quando dorme.
Aquela fantasia dos dois amantes que se embriagam fronte ao clarão do luar seria embriagar-me só fronte ao teu rosto. E ainda que me cale numa sombria revolta, ainda que o verão atrase a chegada da Lua, ainda que vacilem os amantes, morrerei mesmo impassível, pois não há impassível enquanto és minha.
De pouco em pouco, bebendo a doçura de tua seiva.
segunda-feira, 12 de abril de 2010
Desordem
- Você fica diferente por essa perspectiva, sabia? - e só murmura, como quem não entende e confirma mesmo assim.
quinta-feira, 8 de abril de 2010
Irmão da vítima
Essa manhã o Sol jaziu às lágrimas que a terra absorve na eternidade da perda e irriga as flores arrastadas pela força da água. Abriu-se o ventre das águas, nas águas que vertem de dor.
terça-feira, 6 de abril de 2010
Mão de onze
A praça me traz uma paz inefável e uma compreensão que talvez fora dela não haja, como se houvesse uma dimensão nova dentre os coqueiros à volta que convença a todos do que quiser convencer.
A capacidade de convencer precede a do homem de resistir, e por isso me canso de ver olhos vermelhos, palmas da mão de cheiro e cor amadeirados e as mentiras estampadas sobre os bancos lascados, no céu ao luar e principalmente, dentro de cada buraco usado como desvão.
segunda-feira, 5 de abril de 2010
Coelho
Permiti desafirmar inopinadamente a corrente que guardava o documento tão vivo daquelas curvas, que por pouco tempo foram em voraz percorridas pelo choque de mãos contrapostas a pele, entre o doce alaranjado misturado ao álcool que agora exala nos hálitos. Potencial tem, o suficiente para procriar uma cidade da espécie e com qualquer que seja.
Mais uma dose de olhos escuros em contraste com a pele.
sábado, 3 de abril de 2010
Aplaudi, Gargalhei.
Pára na porta da entrada dos banheiros e segue com o olhar a correria, na verdade segue o percurso lúcido de alguns passos que dei em direção ao subsolo. Os carros todos esperavam seus donos lealmente e os pilares demarcavam as zonas de espaço. Enquanto, afoito, perseguia alguém que nem sabia quem de fato. Quando voltei, vi os mesmo olhos que me seguiam no passado próximo de 15 minutos antes, me seguirem já não mais da mesma forma. De longe avistei, sobre alguns bancos de quatro pernas altas de madeira, seis ou mais pessoas que rodeavam uma mesa redonda de marca de cerveja. Quando me aproximei pouco mais, dois copos que havia visto a pouco cheios, estão vazios como se estivessem novos e lacrados.
Sua fala engraçada te denunciava, mesmo contradizendo tudo. Teu andar embriagado ainda assim era doce, e percebi que sem resistir, embarafustou-se no mesmo caminho que todos, e era mais uma comum entre nós. E entre elas era a mais brilhante, pois teus olhos se tornavam em direção a luz do poste baixo que brilhava sobre a tua cabeça -primeira cena em que te vi alucinada-
Resumiu-se a noite em poucas coisas ditas sobre um banco verde, de frente para o estacionamento e ao lado de uma fonte. Ao som trivial de um violão e voz e ao gosto nada trivial do teu pescoço.
quinta-feira, 1 de abril de 2010
Recomeço
Falávamos sobre o cão que dorme sob o banco da praça ao lado de um negro temulento e fétido, sentados em círculo como quem brinca com espíritos. Senti a suposta dose descer num rasgo ardente, quando balbuciava pedindo mais um copo. A repetição era pura elegância e os risos cobriam a tontura. Até que alguém decai sobre a mesa clamando em silêncio, e de tanto silêncio não lembrei de mais nada.
O escuro era pura intuição.
quarta-feira, 31 de março de 2010
Pomba
A verdade é que não esqueço nunca, e se esqueço não quis lembrar. Ou esqueço sim, em horas como agora, que uma criança gira em torno da mãe e usa de um dialeto sem forma, como uma pomba quando aspira o cachorro-quente alheio. No ônibus, os olhinhos pouco assimétricos da criança se mechem desenfreados enquanto fitam carro a carro, árvore a árvore, e a mim, que escrevo sem motivo nem tempo, enquanto o tempo acaba quando o sono ataca de vez.
Como uma pomba descansa no vão dos concretos, descanso no vão daqueles olhos que se cansam de tanto voar.
terça-feira, 30 de março de 2010
Sem whisky
Da janela fechada vê-se o incêndio das horas. Se vê queimar de pouco em pouco o dia, enquanto me recluso a vida numa cadeira de plástico branca, amareladamente branca. Estou sozinho pra dentro, com o mundo do lado de fora, sozinho sem mim. Todas as coisas não passam de coisas, o futuro transborda de alegria pois ainda não vive. E aos que vivem, meus pêsames pois vivem.
Antes viver fosse de fato viver, livre como dizem ser os pássaros, com saúde, sem colocados sobre ordens ou mentiras. A questão é que: viver não é estar vivo ou poder mover-se, viver não é ser sacro e não viver, viver não abrange longas galáxias ou destinos. Viver é uma simples mistura de criatura e criador num corpo só, ou sem corpo, sem vida, sem nada.
É inútil que eu explique várias vezes o que é ser vivo se não sei se sou completamente, se não sei se estarei para concluir o que digo, se não sei o que espera do outro lado da cortina fechada.
Poetizar a vida é a melhor forma de não enlouquecer depressa, de não perder no caminho pedaços da alma, ou de não usar as letras para um desvão do tempo, como faço sem censura todos os dias que me vejo assim, perdido no espaço entre os segundos.