terça-feira, 23 de agosto de 2011

Limbo


Dá calúnia.

Resta um pouco, entre o tempo que liga os intervalos de tempo
Uma sensação incólume de que alguém a usa.
Tendo na ponta do nariz, os resquícios involuntários de que existiu.

Seria a relação de um crime com a digital do seu feitor.
Dos bárbaros e do sangue derramado.
De tentar escrever um improviso com improvisar.

Seria enganar para sustentar
outro engano, que sustenta
um arranha-céu.



quarta-feira, 17 de agosto de 2011

D. Mar


Mas a velha amava tanto que de tanto amar, amou demais.
Não amava a outro velho, nem os netos, nem os filhos desses netos
Muito menos seus próprios filhos.

Amava mesmo é silvar a vida, assoar o ar que por tubos a mantinha
Amava a arritmia dispersa do seu coração, viver a míngua.
Seu prazer era acordar e questionar porque, e se alegrar porque
Apreciar porque, porque vivia.
Porque viver era seu clítoris.
Porque só há porque quando há vida.

É mais fácil, para um velho, perecer de ar e não de ódio
Abstrair-se do mundo e não de si
Partir o pão do que comer...

Até que não aguentou mais e esqueceu
Não teve mais porquês
Apascentando a noite.