quinta-feira, 15 de julho de 2010

Progenitor

Aqui: onde me confundo e perco de mim o equilíbrio das coisas.

Descobri dentro de mim uma nova ramificação do amor, uma notória perseverança de se esconder. E não descobri por conta de alguém concreto, mas sim de alguém que não existe e se faz platônico dentro das horas.- Faltam palavras para essas minhas tardes tão cheias de insônia- O amor que vi não descreve-se mas existe e é unânime, se justifica e aconselha para si. É uma meia-lua de informações.

Cabe dentro de uma manhã e a contragosto é eterno como a morte. Assim não é ignorado nunca e tão pouco recebe atenção o suficiente. Atua numa tragédia ínfima oculta pelo elenco mal formado, que desfaz a tristeza e se esconde atrás da péssima atuação. O amor que descobri se equivale a um incêndio, sem a ternura das chamas ou das cinzas, mas um incêndio dos séculos talvez. Para fugir das metáforas diria que é o incêndio metafísico de uma biblioteca; a paralisia das informações.

Em outras épocas quem amava assim era queimado como bruxa, e quem sabe as bruxas não amavam assim e por isso eram bruxas? Os Iluministas iriam de contra e os religiosos condenariam novamente. Os nazistas destinariam todo esse amor ao gás que seria a chave desse mistério descompassado. Os pintores o fariam de branco, todo de branco numa nula expressão de afeto.

O verbo se fez nulo e me limito pelo espaço da folha rasgada, mas esse amor se quer nasceu e já foi perdoado por muito existir.

Morreu de vez, de muito viver.

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