quinta-feira, 30 de dezembro de 2010

(...) que é o que há"


Encontrei um real motivo pra retomar a circulação desse corpo sem vida que escrevo de quando em quando. Por explodir e notar que apesar do não sucesso, escrever é a única forma invariável de notificar-se para si, de contar as histórias e ler, mesmo que seja o único leitor. Pra se sentir, melhor dizendo, para fazer-se sentir um tanto quanto melhor.
As idéias se desenvolveram como câncer mas foram abatidas pelo tempo e agora me restam as lembranças de horas, de poucas horas que pensei:

Quando ouvi a doce voz de minha tia, mulata, entoar um hino. Quando passeei pela tez doce com os lábios. Quando recebi convites e pendendo, hoje, em negá-los, por respeito, quase nego.
Quando um grande amigo vai e larga as frequências das notas circulando o ar verdadeiramente poético das tradições. Quando me senti amado, como sempre me sinto, ao lado da antítese de um casal da família. Quando fui agredido com o último dia, cinza, chuvoso, lastimável e cheio de saudades. Quando, num tempo contado, perco a razão de viver por não enxergar as preferências, não notar a secundária posição que vivo.

Daí então, o dado inverso desse tabuleiro conta os passos pra dentro da terra, como quando paramos de pensar por um segundo e ao voltar, há um monólogo triste num ponto de ônibus, no trem, na sacada enfunada de ferrugem ou em qualquer lugar que vê, de fora pra dentro, a real laguna ou, a real enchente de se perder no escuro.

"Enchente de medo(...)

sexta-feira, 3 de dezembro de 2010

Dá-lhe


Não é tão bom curtir a solidão com anticorpos. Mas ao menos eles não me deixam e nunca deixaram, mesmo nas pizzas velhas, salgados irreverentes e carnes putrefadas. Eles são meus verdadeiros amigos, ou mais que isso, eles são eu. Feitos por mim.

"e agora, nas chagas e sulcos pelas quais todos passamos um dia."