segunda-feira, 26 de abril de 2010

Sozinho

Outras figuras sem forma -espalhadas num esboço à café sobre o pano de mesa que cobria o lanche matutino- vestem minha curiosidade pueril. Quando eu me livrar desse pão até as migalhas, prometo que te levo ao Riacho para dar comida aos peixes, e isso lhe servirá de morfina junto ao mato denso roçando na tua canela. Mas sei que suará bastante quando lembrar de tudo, o efeito consumará no fim da manhã e precisarei transmigrá-lo com êxito para outro ambiente mais feliz que o Riacho. E acho que não há maior felicidade, ainda que no Sol ardente do meio-dia atordoe minha nuca nua até acinzentá-la de ressequida, pois aquela água barrenta traz à tona um passado tão recente e tão vivo, um passado que é passado por falta de oportunidade. Aos caiaques e pedalinhos.

Eu acho que te levarei para um passeio à pedalinho, e juro que só eu vou pedalar. Te deixarei livre para deslizar a mão na água o quanto quiser, ou jogá-la em mim, para um refresco momentâneo. Espero que isso resolva em algo. E se não resolver, quando a Lua chegar sairemos para uma pernada juntos, podemos ir até a quadra e chutar a bola na parede, esperando que ela volte pra não termos de buscá-la. Ou podemos deitar na beliche e observar o teto, desenrolando num diálogo, toda nódoa causada por algum motivo. E se numa outra ocasião precisar de mim, talvez não mais serei capaz de te ajudar. Ainda mas que meu braço arde de queimado por ficar de camiseta fora da sombra.

As vezes é bom falar, ainda mais se for consigo.

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