terça-feira, 28 de setembro de 2010

Dez invernos


A lareira será no centro da sala para que o calor e a luz se unam a lua da janela principal. Só será acesa quando o inverno tocar nossas faces e gelar as espinhas durante as noites em claro, eu na poltrona e você sobre mim. Vai me sussurrar suas fraquezas e sua voz será o sinal do que se passa. Nossas horas serão alaranjadas, ao som das brasas que estouram desordenadas.

Então me revestirei da matéria que desliza sobre sua pele e desvendarei os versos de sua tez macia, das verdades escritas no branco dos ombros nús e das mentiras dos lábios. Deixarei de adjetivar suas ações e o verbo se tornará maciço como quando te prometo amor. Amar...

Acordaremos abraçados, você e eu.
Com o cheiro de café do bar ao lado
A cortina entreaberta, o edredom amassado
Com os versos descobertos que li em você.

Minha camisa desgrenhada será sua roupa
até o final da manhã, quando você se banhar
esperando na certeza de que eu bata na porta.

Aos vinte e poucos de 2010, vintando Paris.

Nenhum comentário:

Postar um comentário