terça-feira, 6 de abril de 2010

Mão de onze

Meu parceiro me abandona por alguns minutos para uma rodada de truco, enquanto o reggae definha no ar com as trações de paz que só o próprio possui. Vejo os lustres como pirulitos luminosos enroscados naquelas máquinas de docerias e a praça como um campo de guerra entre os moradores locais e as drogas. Os jovens, que são muitos, cancelam seus compromissos por uma rodada a mais, e o truco assim como cada concreto que constrói o local é um subterfúgio em relação ao tempo, para deixarem suas casas nunca felizes, seus lares de pouco amor e suas mães grávidas desde o infanto de suas vidas.

A praça me traz uma paz inefável e uma compreensão que talvez fora dela não haja, como se houvesse uma dimensão nova dentre os coqueiros à volta que convença a todos do que quiser convencer.

A capacidade de convencer precede a do homem de resistir, e por isso me canso de ver olhos vermelhos, palmas da mão de cheiro e cor amadeirados e as mentiras estampadas sobre os bancos lascados, no céu ao luar e principalmente, dentro de cada buraco usado como desvão.

Nenhum comentário:

Postar um comentário