segunda-feira, 17 de maio de 2010

Remoto

A miséria da poesia vem quando vê-se as palavras lançadas e nunca compreendidas ao certo. Quando todo o lírico da poesia se transforma num tédio embarafustado as minhas próprias mãos, passando a um sádico interpolar de rimas. E vejo na verdade dos olhos, o quanto queriam ter a poesia e não tem, o quanto queriam-na em seus braços vazios, em seus abraços carnais ou em suas paixões ludibriadas.

Para isso somos a verdade, que ainda não sou, vertiginosa e fria, presente na saudade de cada pequena coisa, de cada grande coisa.
Presente na saudade que há em espera-la,
Que pesa como chumbo aos meus ombros.
Presente na vontade de ter além.

Ver daqui, o remoto do alto-mar alcançar
A sua vista doce e única
E dormir na mais medonha das trevas.

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