quarta-feira, 21 de abril de 2010

Cachoeira

Fiquei estático até meu pés se moldarem com as pedras pontiagudas onde ocorre a queda da cachoeira. As águas desabam numa voraz sinfonia, misturada a orquestra das aves e ao som aveludado das lufadas nas árvores. Passeei por sobre o lodo esbranquiçado com as vozes desnutridas cantando cuidado.

- Cuidado. Se cair nas pedras a essa altura vai se machucar muito. - como se se importassem com a minha dor ou morte. Se preocupam com a cena horrenda do meu corpo entreaberto que traumatizará seus filhos meigos com o sangue respingado no mato. A grande verdade é que as pessoas são uma moeda dúplice que apresenta os dois lados iguais, e a probabilidade de ser bom é a mesma de quando a lança e espera que caia de lado.

Garnel não existe de fato, mais habita em mim como uma bondade isolada. Uma bondade que não existe em ninguém e é melhor por não existir.
Se banhar na cachoeira de água cristalina, enquanto a água te isola da única realidade ser vivo.

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