segunda-feira, 29 de março de 2010

Estirpe

Aquela casa, aquele mar, já não tinham o mesmo efeito.

Antes sequer de nascer o Sol, morria o mesmo em brilho. Poderia afirmar-me um figurante a mais, um perdido na sala apertada que se perde para nunca mais. Um corpo ressequido cobria a mesa sem velas, a mesa desprovida de qualquer espaço além do necessário para um corpo. E quantos corpos já não tinham ali pousado, para que outros chorem o triste adeus da despedida, para que chorem a tristeza de ainda ter de subsistir. E sei que subsistir é uma forma de ignorar a certeza que está sobre todas as outras.
Velar um ex-bordejante tenha sido talvez um prefácio ideal para um novo contexto de vida. Um novo contexto de morte.

Morrer é a única estirpe, que é a estirpe do amor.

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