terça-feira, 22 de março de 2011

Libre


De repente vem uma calma tão sóbria e cheia de si, vem as flores, as mãos, o som e a saudade. De repente me lembro e esqueço das coisas, porque são poucas coisas, poucas rosas, pouca vida, pouca fibra. De repente um cabelo branco perdido, uma tarde perdida, um amor perdido, um corpo a fenecer.

De repente a Láctea resumida nos olhos de alguém, nos olhos calmos de alguém. Ou na aventura arda que aprendemos na decadência do espaço, sem mãos enlaçadas ou peles macias, sem filhas, nem mulheres nem nada. De repente é uma coisa só.

As próprias flores pensando contra sí, as mãos traindo a sorte, os dedos criando calos.
A morte, que nega o impasse da vida, a hora absurda da morte.
"Daí somos mais fortes. De repente, sem mais nem menos:
Morremos."

Nenhum comentário:

Postar um comentário