quarta-feira, 17 de agosto de 2011

D. Mar


Mas a velha amava tanto que de tanto amar, amou demais.
Não amava a outro velho, nem os netos, nem os filhos desses netos
Muito menos seus próprios filhos.

Amava mesmo é silvar a vida, assoar o ar que por tubos a mantinha
Amava a arritmia dispersa do seu coração, viver a míngua.
Seu prazer era acordar e questionar porque, e se alegrar porque
Apreciar porque, porque vivia.
Porque viver era seu clítoris.
Porque só há porque quando há vida.

É mais fácil, para um velho, perecer de ar e não de ódio
Abstrair-se do mundo e não de si
Partir o pão do que comer...

Até que não aguentou mais e esqueceu
Não teve mais porquês
Apascentando a noite.

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